sábado, 29 de outubro de 2011

Deus Escreve Certo por Linhas Tortas?






Pergunta: "Algumas pessoas quando exortadas sobre procedimentos errados de evangelização ou explanação do evangelho fazendo que as pessoas que estejam ouvindo ou assistindo tenham um entendimento no minimo equivocado sobre a conversão, se defendem dizendo que "se Deus quiser aquela pessoa mesmo exposta a tais erros serão alcançadas"... Não estou questionando o poder de Deus, só quero saber biblicamente se realmente é possível a pessoa ser alcançada sem a correta explanação da palavra ou pode mesmo que esta explanação venha com alguns erros?"

Meu irmão, é o seguinte: Deus pode transformar o mal em bem, a exemplo da história de José, vendido por seus irmãos como escravo e que depois se tornou governante do Egito para "salvar" não somente seus irmãos mas toda a casa de Israel da destruição. O mesmo pode ocorrer quando muitos, mesmo evangelizados incorretamente, se arrependem e reconhecem Cristo como Senhor e Salvador das suas almas; pois o chamado do Senhor para aquela alma que se arrepende verdadeiramente persiste e é verdadeiro [creio que no futuro, Deus "consertará" os erros na vida daquela pessoa que foi evangelizada incorretamente, seja por algum erro doutrinário ou pelo emocionalismo/pragmatismo]. Mas o fato é que ninguém pode agir, ou melhor, levar uma falsa doutrina ou um método que não seja bíblico de evangelização sem estar em rebeldia e desobediência a Deus. Com isso, quero dizer que, mesmo Deus consertando as coisas, aquele que evangeliza errado, por culpa ou dolo, está em pecado, e será cobrado por isso. O fato dele não se aperceber do seu erro, e achar que está fazendo a "vontade de Deus" não o exime da culpa, de estar em rebelião, cometendo pecado.

Alguns dirão que o importante é levar a alma perdida ao arrependimento, ao encontro com Jesus, mas, pergunto: por que é necessário usar de doutrina e método não bíblico para isso? E o número ainda maior daqueles que acreditarão estarem salvos e, na verdade, estarão se iludindo com uma salvação que não têm? O mal que a doutrina errada e o método errado de evangelização provocam é muito maior do que o suposto bem que eles trazem. O Senhor Jesus ao dizer que muitos se aproximariam dele argumentando: em teu nome fizemos isso, em teu nome fizemos aquilo, etc, se referia também a esse problema. E a resposta do Senhor é clara: apartai-vos, vós que praticais a iniquidade. Pois muitos creem servi-lo, quando não o servem; e a ignorância não é desculpa para o engano, e para enganarem também.

Paulo nos diz que muitos pregam o Evangelho dolosamente, mas importa que o Evangelho seja pregado. Deus poderá se utilizar de toda a obra humana para fazer o bem aos eleitos, mas isso não tirará a culpa nem a condenação daqueles que agiram assim contra a sua vontade. Também percebemos que Paulo não está dizendo que não importa sobre o que se pregue do evangelho, mas sim sobre que "não importa o motivo", isto é, ainda que uns preguem a sã doutrina, mas a façam pelo orgulho, Paulo diz que o importante é que o evangelho esteja sendo pregado - pois estava preso e não podia pregar.

Se tomarmos essa ideia de que Deus escreve certo por linhas tortas, o foco deixa de ser a alma evangelizada para ser a alma que evangelizou de forma errada. Deus consertou o erro salvando a pessoa mal-evangelizada, pois a salvação procede dele, mas quem agiu erradamente será cobrado, e muitos ouvirão do Senhor: apartai-vos de mim, pois não vos conheço!

Não podemos misturar as coisas, pois Deus quer primeiramente a nossa obediência, e sabemos que os frutos que produzimos somente os produzimos pelo poder de Deus. Com isso, quero dizer que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Através de uma mensagem pregada erradamente, Deus pode salvar, mas quem pregou erradamente será responsabilizado por não obedecer nem cumprir os preceitos divinos, e por levar um número muito maior de pessoas a suporem-se salvos quando estão condenados. Deus pode usar o erro para que o bem seja feito, mas o erro sempre trará consequências danosas para as almas daqueles que creem nele, e persistem nele. Por isso, somos constantemente exortados pela Escritura a não errar, e a nos afastar do erro, que nada mais é do que o pecado contra Deus.

Por último, é também necessário notarmos que Deus não fica "consertando" os erros dos homens, como se os homens fizessem coisas sem a autorização de Deus. O que ocorre é que Deus decreta o mal aos homens; em seus eleitos o mal serve para instruir e levar-os ao pleno conhecimento da verdade, e aos ímpios para levá-los à perdição.

Cristo o abençoe!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A moda mais recente !

modarecente


Dia desses, navegando pelas redes sociais, me deparei com uma interessante imagem. Havia três igrejas. Na primeira, uma placa pendurada dizia: “Jesus Cura” e várias pessoas adentrando. Na segunda, a placa informava: “Jesus prospera” e muitas, mas muitas pessoas mesmo, se achegavam. Já a terceira, trazia a seguinte mensagem ‘’Jesus Salva’’, e meia dúzia de gatos pingados entravam. Analisando a vida de Jesus em sua passagem pela terra, é possível perceber que Ele desenvolveu alguns tipos de relacionamento. Assim como os três grupos das igrejas acima, podemos observar esses relacionamentos ainda na cultura evangélica.
1. O “Jesus cura” das multidões
Em João 6:2 vemos que:
Seguia-o numerosa multidão, porque tinham visto os sinais que ele fazia na cura dos enfermos.
O ministério de Cristo foi um ministério de multidões. No entanto, o Mestre nunca priorizou a multidão e em muitos momentos se retirou para estar a sós com o Pai (João 5:13). Mas você deve estar pensando: “Mas Bruna, porque Jesus não priorizou a multidão se a palavra diz que Ele veio para todos?”. Bem, a resposta é simples, o nível de compromisso da multidão é pequeno, eles são desconhecidos, inseguros, o poder da palavra não os transforma. O texto diz que a multidão seguia Jesus por conta dos “sinais e curas” que Ele realizava (se lembram da primeira imagem na rede social?). Esse é um tipo de relacionamento que estamos sempre sujeitos a desenvolver com Jesus. Observar de longe, conhecer só de ouvir falar. O crente “multidão”, que não possui relacionamento, e por conseqüência disso, não conhece as motivações do Mestre.
Quando estamos na multidão, nunca decidimos abraçar a cruz de Cristo, nosso relacionamento está condicionado às necessidades do momento que estamos vivendo e nunca permitimos que Jesus penetre em nossa intimidade. Sabe aquela história do “entre, fique a vontade, mas não mexa em nada não”? Então…
2. O “Jesus prospera” dos religiosos
        Pensando sobre isso, encontrei um segundo tipo de relacionamento que talvez você se identifique. São os seguidores. Quem são essas pessoas? São pessoas que procuravam Jesus para serem aconselhadas. Pense em Nicodemos (João 3: 1 a 7). O doutor da Lei não estava no grupo da multidão, pois havia uma intenção de um relacionamento mais próximo com Jesus, todavia não era o suficiente para fazer de Nicodemos um discípulo. O fato de procurar Jesus de noite mostra que tinha vergonha de sua fé e estava preocupado com a opinião dos outros a seu respeito. Uma das características dos seguidores é que são religiosos, buscam a Jesus pelo que Ele pode oferecer (se recordam da placa que dizia “Jesus prospera”?). Buscam encontrar somente as mãos do Pai e não ver a Sua face, não querem  o conhecer com profundidade. Eles (eu e você) chegam, em alguns momentos, a acreditar que são muito melhores do que a multidão, mas se esquecem que eles próprios ainda não nasceram de novo. De vez em sempre, temos a leve tendência de acreditar que porque vamos aos cultos de domingo, tomamos a ceia e desejamos paz ao nosso irmão ao fim do culto, somos melhores do que quem se encontra lá fora. Mas não somos! Precisamos entender que apenas o fato de nos aproximarmos um pouco mais de Jesus, seja através de cultos ou em orações não nos torna discípulos. Sabe porque? Porque oração não substitui obediência. Precisamos deixar as escamas caírem de nossos olhos e entendermos que o que Deus nos pede é um relacionamento genuíno e não superficial e que estamos perdendo tempo se nos encontramos no grupo dos seguidores. Alguém já disse, Jesus não tem importância nenhuma a menos que tenha absoluta importância.
Quando somos seguidores, estamos convencidos de que somos espirituais, até nos alimentamos da Palavra, mas com uma ótica religiosa. Recusamos-nos a viver o evangelho do perdão, esquecemos que o amor é a prática do evangelho. Andamos como órfãos sob tutela de si mesmo, não somos capazes de entregar nossos cuidados a Deus, anêmicos na fé, incrédulos, mornos, bebendo nosso leitinho espiritual quando já deveríamos ser maduros. Vivemos com um falso sentimento de segurança e nunca encontramos a paz tão desejada.
3. O “Jesus salva” dos discípulos
Outro tipo de relacionamento que Jesus desenvolveu foi com seus discípulos, e esse sim precisamos entender com clareza. Nesse nível de relacionamento, o compromisso é intenso e contínuo. As pessoas que se encontram neste grupo são aquelas que entravam na Igreja cujo slogan era “Jesus salva”. Nesse nível não existem garantias. Veja só,  o próprio Cristo disse “As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mateus 8:20).
  Aqui, não buscam Jesus pela prosperidade ou pela cura, buscam pelo que Ele é, permanecem com Ele até a morte. Não se revoltam se não recebem algo que desejavam.
Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.
(2 Corintios 12:8-9)
O que distingue o discípulo dos demais é que o discípulo é íntimo, ele cresce à medida que caminha de perto com seu mestre. Acredito que a moda mais recente é ser seguidor, queremos segui-lo, mas não queremos nos comprometer com pessoas, causas, problemas alheios. Precisamos desacelerar, precisamos escolher em que grupo queremos estar.  O discípulo verdadeiro tem seus olhos voltados para as coisas do alto e não na prosperidade terrena, ele se deixa tratar e entende que não há outro que possua as palavras de vida eterna. Estes encontram na presença do Pai seu maior presente.





terça-feira, 25 de outubro de 2011

Eu amo meu lugar no banco da Igreja !

comodity


“Muitos se deixam acomodar pelos favores do príncipe, e cada um é amigo daquele que dá presentes.Provérbios 19:6
É comum que algumas pessoas se encantem pelos benefícios de ir à igreja sem o compromisso de envolver-se com o ministério ou então chegam até a se envolver, mas pensam em como serão retribuídos pelos seus esforços. Acho lamentável que sempre tenhamos que retomar esse debate, afinal, deveria ser claro a nós que o corpo inteiro em missão é parte fundamental para a disseminação do evangelho.
Nesse provérbio, está descrito quanto a comodidade que nos congela no processo natural da nova vida que é: Aceitar a Cristo, reconhecer o pecado, se arrepender, viver a vida nova e disseminar o evangelho. Muitos têm parado e esquecido de alguns passos do procedimento cristão.
Acomodar-se é mais que se instalar numa zona de conforto, é também não querer sair dela. É amar o aconchego e se recusar a sair ao vento levando essa boa nova consigo. Missão é cargo de todos.
Pensando sobre isso, eu cheguei a uma conclusão: Eu amo meu lugar no banco da igreja. Podemos arrumar mil e uma desculpas para disfarçar isso, “Não tenho tempo”, “Não tenho dinheiro”, “Não sei como fazer”, “Esse não é meu dom”, mas essa é a verdade, amamos não sair do lugar.  Nunca vamos assumir que aquela poltrona que sentamos todos os últimos domingos durantes anos é o lugar que achamos que devemos ficar.
Lembro-me de um amigo que disse certa vez: “Quando eu espero ser convocado (por Deus), eu estou abrindo espaço na minha agenda para todas as coisas, menos para Deus.” Concordo plenamente com o raciocínio dele. Nossa tendência é a acomodação.
Para que possamos levar o evangelho precisamos entender essa verdade. As coisas não acontecem por acaso, precisamos colocar a mão na massa. Levantar a bandeira cristã e compartilhar dela com os demais. Deixar de sedentarismo e migrar com o evangelho às terras que nunca foram vistas a cor dessa flâmula cristã. É receber o presente do evangelho e distribuir aos pobres de espírito.
(In)felizmente, só há uma maneira de sair do comodismo, se envolver. Então não perca tempo, não tenha medo de falhar, não discuta se merece ou não. Apenas vá.


sábado, 22 de outubro de 2011

Quando desobedecer é a única saída





Por Hermes C. Fernandes

Daniel viveu na Babilônia por muitos e muitos anos, talvez até o fim de sua vida. Sobreviveu a vários reinados. Assistiu à Babilônia ser tomada das mãos dos Caldeus, e entregue aos medos e persas. Independente de quem estivesse no poder, Daniel se mantinha fiel à sua consciência. Ele não estava comprometido com uma ideologia ou império, e sim com o Deus de seus pais. 

Durante o reinado de Dario, o rei medo, Daniel foi vítima de uma conspiração. 
 
“Todos os presidentes do reino, os prefeitos e sátrapas, conselheiros e governadores concordaram em que o rei devia baixar um decreto e fazer firme o interdito, que qualquer que, por espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões” (Dn.6:7).

A arapuca estava armada. Bastava flagrar Daniel orando ao seu Deus para que este fosse lançado na cova dos leões. Era uma questão de tempo. Mas não muito tempo. 

“Ora, quando Daniel soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa, no seu quarto em cima, onde estavam abertas as janelas para o lado de Jerusalém, e, três vezes ao dia, se punha de joelhos, orava e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer” (v.10).

Pode parecer simples, porém, orar é muito mais do que uma prática religiosa. Orar é conspirar! Orar é sabotar! Orar é emperrar as engrenagens deste mundo. É denunciar as injustiças. É ser cúmplice de Deus na implantação do Seu Reino na Terra. É, portanto, uma atitude subversiva, revolucionária. 

Quem deixa de orar, acaba por conformar-se com o mundo. Perde a esperança. Torna-se cínico. 

Daniel não se dobrou ante aquele decreto injusto. Ele o desobedeceu conscientemente. 

Como podemos desobedecer a autoridades constituídas por Deus? Isso não contraria o ensino das Escrituras em Romanos 13?

“Toda pessoa esteja sujeita às autoridades superiores, pois não há autoridade que não venha de Deus. As autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus” (Rm.13:1-2a).

Mas não foi justamente isso que fizeram as parteiras hebréias que receberam ordem de Faraó para que matassem todos os recém-nascidos do sexo masculino? E se houvessem obedecido, o que teria sido de Moisés? 

Como resolver este conflito? Creio que a resposta pode ser encontrada no episódio em que as autoridades judaicas proíbem os apóstolos Pedro e João de proclamarem o Evangelho e ensinarem em nome de Jesus (At.4:18).
Observe a resposta que eles deram:

“Julgai vós se é justo, diante de Deus, obedecer antes a vós do que a Deus?”(At.4:19).

Devemos obedecer às autoridades civis, desde que suas ordens e leis não conflitem com a vontade de Deus revelada nas Escrituras. 

Um cristão verdadeiro não vai obedecer a seu chefe quando este lhe mandar mentir ou trapacear. Ainda que isto lhe custe a demissão. 

Igualmente, os filhos devem submeter-se aos pais, bem como as esposas aos seus maridos, mas jamais trair a sua consciência fazendo o que for contrário à Palavra de Deus. 

Temos o dever de rebelar-nos contra leis injustas, que favorecem a uns à custas de outros. Ainda que os beneficiados sejamos nós mesmos. 

Insurgir-se contra a injustiça pode nos custar caro. Dietrich Bonhoeffer, proeminente teólogo alemão, pagou com sua própria vida, por resistir à autoridade nazista em nome de sua fé. A justificativa de seu ato pode ser encontrada no livro "Resistência e Submissão", de sua autoria. 

Ao ser flagrado em oração, Daniel foi lançado na cova dos leões, conforme previa a lei. Porém, o Deus a quem devia total lealdade enviou Seu anjo para impedir que fosse devorado pelas feras. 

Não devemos temer às ameaças daqueles que se nos opõem. Mesmo que não recebamos um livramento semelhante ao de Daniel, terá valido a pena manter-nos fiéis à nossa consciência. 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Amando Cristo na Prática





1. Quando amamos alguém, gostamos de pensar sobre ele.

Não precisamos ser lembrados dele. Não esquecemos o nome dele, sua aparência, seu caráter, suas opiniões, seus gostos, sua posição ou sua ocupação. Ele surge na nossa mente várias vezes durante o dia. Embora talvez muito distante, ele está frequentemente presente em nossos pensamentos. Bem, é isso que ocorre entre o cristão verdadeiro e Cristo! Cristo “habita em seu coração”, e se pensa nele mais ou menos todos os dias (Ef. 3.17). O verdadeiro cristão não precisa ser lembrado que tem um Mestre crucificado. Ele sempre pensa nEle. Ele nunca se esquece que Ele tem um dia, um motivo e um povo, e que o Seu povo é único. Afeição é o real segredo de uma boa memória religiosa. Nenhum homem do mundo pode pensar muito sobre Cristo, a menos que Cristo seja compelido a ser o centro do seu foco, porque ele não tem afeição nenhuma por Ele. O verdadeiro cristão pensa sobre Cristo todos os dias de sua vida, pela única e simples razão de que O ama.

2. Quando amamos alguém, gostamos de ouvir sobre ele.

Nós temos prazer em ouvir aqueles que falam dele. Nós nos interessamos sobre qualquer relato que os outros fazem sobre ele. Nós damos toda a atenção quando os outros falam sobre ele, e descrevem seus caminhos, suas falas, suas ações e seus planos. Alguns podem ouvir sobre ele e ficarem indiferentes, mas os nossos corações aceleram ao som do seu nome. Bem, é isso que ocorre entre o cristão verdadeiro e Cristo! O verdadeiro cristão se deleita ao ouvir sobre seu Mestre. Ele gosta mais dos sermões que estão mais cheios de Cristo. Ele gosta mais daquele grupo em que a maioria das pessoas fala de coisas que são de Cristo. Eu li sobre uma antiga crente galesa que costumava caminhar vários quilômetros todos os domingos para ouvir um pastor inglês, embora ela não entendesse uma palavra em inglês. Perguntaram por que ela fazia isso. Ela respondeu que esse reverendo fala o nome de Cristo tantas vezes em suas pregações que fazia com que ela se sentisse bem. Ela amava simplesmente ouvir o nome do seu Salvador. O verdadeiro cristão se deleita ao ouvir sobre seu Mestre. Ele gosta mais dos sermões que estão mais cheios de Cristo.

3. Quando amamos alguém, nós gostamos de ler sobre ele.

Que prazer imenso há em uma carta de um marido ausente para sua esposa, ou uma carta de um filho ausente para a sua mãe. Outros podem ver noticias de pouco valor na carta. Eles mal se dão ao trabalho de lê-la inteira. Mas aqueles que amam o escritor vêem algo na carta que ninguém mais pode ver. E carregam isso com eles como se fosse um tesouro. Eles lêem várias vezes. Bem, é isso que ocorre entre o cristão verdadeiro e Cristo! O verdadeiro cristão sente prazer ao ler as Escrituras, porque elas falam para ele sobre seu Salvador amado. Ler não é uma tarefa cansativa para ele. Raramente ele precisa ser lembrado de pegar a sua Bíblia quando vai viajar. Ele não consegue ser feliz sem ela. Qual o porquê de tudo isso? Porque as escrituras testificam sobre Aquele a quem a sua alma ama, Cristo.

4. Quando amamos alguém, gostamos de agradá-lo.

Ficamos contentes em consultar suas vontades e opiniões, agir de acordo com seu conselho e fazer coisas que ele aprova. Nós até mesmo negamos a nós mesmos para satisfazer os seus desejos, nos abstemos de coisas que sabemos que ele não gosta e aprendemos coisas que não estamos naturalmente inclinados porque achamos que isso lhe dará prazer. Bem, é isso que ocorre entre o cristão verdadeiro e Cristo! O verdadeiro Cristão estuda para agradar a Ele, ao ser santo no corpo e no espírito.Mostre a ele alguma coisa que ele pratica diariamente e que Cristo odeia, e ele deixará de praticá-la. Mostre a ele alguma coisa que Cristo se agrada, e ele a fará depois disso. Ele não murmura dos requerimentos de Cristo como sendo demasiadamente rígidos ou severos, como os filhos do mundo fazem. Para ele, os ordenamentos de Cristo não são dolorosos e o fardo de Cristo é leve. E por que tudo isso? Simplesmente porque ele O ama.

5. Quando amamos alguém, gostamos de seus amigos.

Estamos favoravelmente inclinados a eles, mesmo antes de conhecê-los. Somos atraídos a eles pelo laço comum de amor em comum a uma mesma pessoa. Quando os encontramos não sentimos como se fossemos completos estranhos. Há um laço de união entre nós. Eles amam a pessoa que nós amamos, e isso por si só é uma apresentação. Bem, é isso que ocorre entre o cristão verdadeiro e Cristo! O verdadeiro cristão considera todos os amigos de Cristo como seus amigos, membros do mesmo corpo, filhos da mesma família, soldados do mesmo exército, viajantes em direção ao mesmo lar. Quando ele os conhece, sente como se já os conhecesse há muito tempo. Ele se sente mais em casa com eles em alguns minutos do que com muitas pessoas do mundo depois de anos de intimidade. E qual é o segredo de tudo isso? É simplesmente a afeição pelo mesmo Salvador e o amor ao mesmo Senhor.

6. Quando amamos alguém, somos cuidadosos com seu nome e honra.

Nós não gostamos de ouvir algo contra ele sem poder falar por ele e defendê-lo. Sentimo-nos obrigados a defender seus interesses e a sua reputação. Nós consideramos a pessoa que o trata mal tão desagradável como se tivesse maltratado nós mesmos. Bem, é isso que ocorre entre o cristão verdadeiro e Cristo! O verdadeiro cristão protege com piedoso ciúme todos os esforços de denegrir a palavra, o nome, a igreja ou o dia do seu Mestre. Ele O confessará diante dos príncipes, se necessário, e será sensível à menor desonra direcionada a Ele. Ele não vai se contentar com a sua paz, e suportar a causa do Mestre ser envergonhada, sem testemunhar contra isso. E por que isso? Simplesmente porque O ama.

7. Quando amamos alguém, nós gostamos de falar com ele.

Dizemos a ele todos os nossos pensamentos, e abrimos nosso coração. Não encontramos dificuldade alguma em descobrir assuntos para conversar. Por mais silenciosos e reservados que sejamos com os outros, achamos muito fácil conversar com um amigo muito amado. Independente da frequência com que nos encontramos, nunca ficamos sem assunto para conversar. Sempre temos muito a falar, muito para perguntar, muito a descrever, muito a comunicar. Bem, é isso que ocorre entre o cristão verdadeiro e Cristo! O verdadeiro cristão não encontra dificuldade em conversar com seu Salvador. Todos os dias ele tem algo para contar a Ele, e não fica feliz enquanto não conta. Conversa com Ele em oração toda manhã e toda noite. Conta para Ele suas vontades e desejos, seus sentimentos e seus medos. Ele lhe pede conselhos nas dificuldades. Ele lhe pede conforto nas adversidades. Ele não consegue evitar. Ele deve conversar com seu Salvador continuamente, ou ele se enfraqueceria pelo caminho. E por que isso? Simplesmente porque ele O ama.

8. Quando amamos alguém, gostamos de estar sempre com ele.

Pensar, ouvir, ler e ocasionalmente conversar tem o seu espaço. Mas quando nós realmente amamos alguém, nós queremos algo mais. Nós ansiamos em estar sempre em sua companhia. Desejamos em estar continuamente em sua presença e manter comunhão com ele sem interrupção ou despedida. Bem, é isso que ocorre entre o cristão verdadeiro e Cristo! O coração do verdadeiro cristão anseia por aquele dia abençoado em que verá o Mestre face a face. Ele anseia em finalmente deixar o pecar e se arrepender e crer, e começar a vida eterna, quando verá como tem sido visto, e não pecará mais. Ele tem considerado agradável viver pela fé e sente que será mais agradável ainda viver pelo que ver. Ele considerou agradável ouvir sobre Cristo, falar sobre Cristo e ler sobre Cristo. Quão mais agradável ainda será ver Cristo com seus próprios olhos, e não deixá-lo nunca mais! “Melhor”, ele sente, “contentar-se com o que os olhos vêem do que sonhar com o que se deseja.” (Eclesiastes 6.9). E por que isso tudo? Simplesmente porque ele O ama.
O coração do verdadeiro cristão anseia por aquele dia abençoado em que verá o Mestre face a face. 

Traduzido por Marianna Brandão
Por: J. C. Ryle


sábado, 15 de outubro de 2011

11 perguntas feitas ao diabo





Claro: não é prudente fazer entrevistas com o "coisa-ruim", já que você não pode confiar nas respostas do pai da mentira. Mas se ele pudesse responder apenas a verdade, baseada no que está nas Escrituras, ele responderia mais ou menos assim:

QUEM O CRIOU?
Lúcifer : Fui criado pelo próprio Deus, bem antes da existência do homem. [Ezequiel 28:15]

COMO VOCÊ ERA QUANDO FOI CRIADO?
Lúcifer : Vim à existência já na forma adulta e, como Adão, não tive infância. Eu era um símbolo de perfeição, cheio de sabedoria e formosura e minhas vestes foram preparadas com pedras preciosas. [Ezequiel 28:12,13]

ONDE VOCÊ MORAVA?
Lúcifer : No Jardim do Éden e caminhava no brilho das pedras preciosas do monte Santo de Deus. [Ezequiel 28:13]

QUAL ERA SUA FUNÇÃO NO REINO DE DEUS?
Lúcifer : Como querubim da guarda, ungido e estabelecido por Deus, minha função era guardar a Glória de Deus e conduzir os louvores dos anjos. Um terço deles estava sob o meu comando. [Ezequiel 28:14; Apocalipse 12:4]

ALGUMA COISA FALTAVA A VOCÊ?
Lúcifer : (reflexivo, diminuiu o tom de voz) Não, nada. [Ezequiel 28:13]

O QUE ACONTECEU QUE O AFASTOU DA FUNÇÃO DE MAIOR HONRA QUE UM SER VIVO PODERIA TER?
Lúcifer : Isso não aconteceu de repente. Um dia eu me vi nas pedras (como espelho) e percebi que sobrepujava os outros anjos (talvez não a Miguel ou Gabriel) em beleza, força e inteligência. Comecei então a pensar como seria ser adorado como deus e passei a desejar isto no meu coração. Do desejo passei para o planejamento, estudando como firmar o meu trono acima das estrelas de Deus e ser semelhante a Ele. Num determinado dia tentei realizar meu desejo, mas acabei expulso do Santo Monte de Deus. [Isaías 14:13,14; Ezequiel 28: 15-17]

O QUE DETONOU FINALMENTE A SUA REBELIÃO?
Lúcifer : Quando percebi que Deus estava para criar alguém semelhante a Ele e, por conseqüência, superior a mim, não consegui aceitar o fato. Manifestei então os verdadeiros propósitos do meu coração. [Isaías 14:12-14]

O QUE ACONTECEU COM OS ANJOS QUE ESTAVAM SOB O SEU COMANDO?
Lúcifer : Eles me seguiram e também foram expulsos. Formamos juntos o império das trevas. [Apocalipse 12:3,4]

COMO VOCÊ ENCARA O HOMEM?
Lúcifer : (com raiva) Tenho ódio da raça humana e faço tudo para destruí-la, pois eu a invejo. Eu é que deveria ser semelhante a Deus. [1Pedro 5:8]

QUAIS SÃO SUAS ESTRATÉGIAS PARA DESTRUIR O HOMEM?
Lúcifer : Meu objetivo maior é afastá-los de Deus. Eu estimulo a praticar o mal e confundo suas idéias com um mar de filosofias, pensamentos e religiões cheias de mentiras, misturadas com algumas verdades. Envio meus mensageiros travestidos, para confundir aqueles que querem buscar a Deus. Torno a mentira parecida com a verdade, induzindo o homem ao engano e a ficar longe de Deus, achando que está perto. E tem mais. Faço com que a mensagem de Jesus pareça uma tolice anacrônica, tento estimular o orgulho, a soberba, o egoísmo, a inimizade e o ódio dos homens. Trabalho arduamente com o meu séquito para enfraquecer as igrejas, lançando divisões, desânimo, críticas aos líderes, adultério, mágoas, friezas espirituais, avareza e falta de compromisso (ri às escaras). Tento destruir a vida dos pastores, principalmente com o sexo, ingratidão, falta de tempo para Deus e orgulho. [1Pedro 5:8; Tiago 4:7; Gálatas 5:19-21; 1 corintios 3:3; 2 Pedro 2:1; 2 Timóteo 3:1-8; Apocalipse 12:9]

E SOBRE O FUTURO?
Lúcifer : (com o semblante de ódio) Eu sei que não posso vencer a Deus e me resta pouco tempo para ir ao lago de fogo, minha prisão eterna. Eu e meus anjos trabalharemos com afinco para levarmos o maior número possível de pessoas conosco. [Ezequiel 28:19; Judas 6; Apocalipse 20:10,15]

Vale a pena lembrar que o nome "Lúcifer" não existe na Bíblia, é apenas uma palavra em latim, vista em Isaías na tradução feita por Jerônimo quando exilado em Jerusalém no século III.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Duplo Chamado do Espírito - Samuel Bolton (1606-1654)





1. O mais comum é: muitos são chamados, só que nunca são totalmente convertidos. Foi a operação comum do Espírito que fez Felix tremer, o qual trouxe Agripa a um passo de se tornar cristão e fez com que Herodes realizasse muitas coisas. Multidões de não regenerados têm sentido as águas agitarem-se, o Espírito Santo movendo-os à conversão, e têm prontamente aceitado Sua ajuda e assistência, e talvez, por um tempo, tenham sido guiados por Ele. Todavia, posteriormente têm se recusado a deixar a sensualidade ou a vaidade, as quais Ele exigiu que abandonassem. Eles não transformaram a sua preguiça espiritual em séria diligência pelo interesse de suas almas imortais, e assim desprezando Sua operação, desconsiderando Sua ajuda, eles fazem com que o Espírito Se afaste entristecido, Ele que veio com amor agir em suas vidas.

2. Há um chamado do Espírito que é mais especial e eficaz, e quando Ele os move a voltar-se para Deus, os pecadores são persuadidos, não parcialmente, mas completamente. Agora observemos o método do Espírito ao operar naqueles que são realmente convertidos.

A. Aqueles os quais o Espírito chama efetivamente, Ele os convence do pecado (João 16:8). Ele lhes apresenta a lei, e Ele mesmo é o intérprete dessa lei. E pela Sua interpretação são levados a ver que a lei proíbe não somente a manifestação do pecado nos lábios e na vida, e sim também a concupiscência interior e a manifestação do pecado no coração. E quando vem a lei, oh, quão abundante é a ofensa! O Espírito mostra suas iniquidades em ordem diante de seus olhos e os mantém abertos para enxergá-las. O livro da consciência é aberto, e quantas transgressões estão ali registradas? E se, ao mergulharmos neste livro, muitas abominações aparecem, quão inumerável é a multidão que está no livro memorial de Deus? Embora os pecadores não considerem o fato, Deus ainda Se lembra de todas as corrupções deles (Os. 7:2). O justo, porém, se conscientiza disso. "Males sem número me tem rodeado", diz Davi, "minhas iniquidades me prenderam" (Sal. 40:12). Quando ele se deita elas se deitam. Quando ele se levanta elas se levantam com ele. Onde quer que vá ou o que quer que faça elas continuamente o perseguem e o assediam.

Quão hediondo e horrendo o pecado parecerá ao pecador quando todas as justificativas e desculpas forem silenciadas, quando a lente colorida for retirada e este for visto por ele em sua aparência natural! Bebedice, impureza, blasfêmias, gestos profanos e cobiça pelo mundo não mais serão vistos como sem importância. Esse modo de viver antes parecia não ter nada de perigoso nele, pelo contrário era cheio de delícias e prazeres. Contudo, após a convicção, sua decepcionante e condenável natureza será tão evidente como a luz do sol ao meio dia.

E ainda que o pecador não tenha sido contaminado com as mais pesadas contaminações do mundo, ainda assim será necessário mostrar-lhe suficientemente a natureza do pecado, a fim de levá-lo a concluir que é um miserável e está perdido. Ora, ora! Todas as suas omissões ou suas chacotas contra o Deus zeloso, cometidas de maneira insensível, seriam consideradas como nada? Acaso seria nada seu desperdício de tempo e sua desconsideração para com a eternidade? O deleitar-se nas coisas criadas, nas vaidades e prazeres do mundo, e o amar a estes mais do que a Deus, a Cristo e a glória, seria um assunto de menor importância? Tais pecados são hediondos e são imputados até mesmo às pessoas mais civilizadas.

Esta convicção do Espírito é forte e permanente. Ela resiste até que o pecador seja reconduzido completamente de volta. As transgressões presentes com seus agravantes são pesadas, e o pecado original é a fonte da qual outras fontes são originadas. E nessa fonte, há o suficiente para alimentar mais dez mil outras nascentes além das que já nasceram. Davi não somente foi convencido do assassinato e do adultério que cometera, mas teve que traçar estes pecados até a fonte deles, a corrupção original de sua natureza (Sal. 51:5). Imagine o quanto a visão desta realidade o inclinou em direção à sua auto-humilhação?

Finalmente, esta convicção não trata somente de alguns atos pecaminosos, porém da nocividade do estado do pecador. Ele é levado a examinar-se, visto que é um filho da desobediência, como também um filho da ira. Tudo será reconhecido e confessado, sem contestação. Isso é o que evidencia a convicção do Espírito.

B. Aqueles aos quais o Espírito chama efetivamente, Ele produz temor neles. O espírito de temor vem antes do espírito de adoção. Realmente, há vários, graus desses temores e terrores, no entanto o Senhor opera esses sentimentos em todos aqueles acerca dos quais Ele tem desígnios de amor, a fim de torná-los insatisfeitos em seu estado natural. A segurança carnal é uma das primeiras coisas que é atacada pelo Espírito. Ele ordena a alma que desperte e a faz saber que permanecer dormindo no pecado é muito mais arriscado do que se dormisse no topo de um mastro.

O pecador tem toda razão para ficar amedrontado. Ele tem atraído ira contra si, a qual vem carregada com um onipotente e irresistível poder contra si mesmo. "Quem pode suportar a Sua indignação ? Quem subsistirá diante do furor de Sua ira?" (Naum 1:2). As maldições da lei têm um som apavorante aos ouvidos do pecador e, devido ser ameaçado de maldição, não ficará adormecido por muito tempo. A proximidade de tão grande mal aumenta excessivamente o medo. Sua aquiescência é profunda e em sua mente agora ele antevê: "...e em chama de fogo tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição... "(II Tess. 1:8-9). E, que miséria, ele pensa consigo mesmo, quão terrível será fazer parte do número daqueles que pedirão às rochas e montanhas para que caiam sobre eles, para que possam se esconder da face dAquele que está assentado no trono e da ira do Cordeiro! Isto faz com que ele pare repentinamente no seu mau caminho. Ele não se atreve a continuar correndo em direção ao pecado, assim como o cavalo corre em direção à batalha.

C. Aqueles que o Espírito chama efetivamente, Ele desperta pesar e tristeza neles por causa de seu pecado e miséria. Eles vêem o que têm feito contra Deus e contra si mesmos, e isso faz com que seus espíritos fiquem perturbados. Isso é o que é estar cansado e sobrecarregado (como dizem as Escrituras), estes são os que Cristo chama para vir a Ele, para que possam encontrar descanso para suas almas. (Mat. 11:28-29). Havia uma voz vinda dos lugares altos, voz de choro e súplica dos filhos de Israel, porque eles perverteram seus caminhos e esqueceram-se do Senhor seu Deus, e isso aconteceu antes de aceita rem o Seu convite para retornar a Ele. (João. 3:20-21).

O pecador, pelo Espírito, é levado a contemplar a gravidade do seu caso, o mal do seu pecado, e ver quão miseravelmente ele tem sido enganado pela sua concupiscência e por satanás, como também sua loucura em se render a eles. Vejam como ele agora acusa e condena a si próprio! "Quando o coração se me amargou e as entranhas se me comoveram, eu estava embrutecido e ignorante, era como um irracional à tua presença" (Sal. 73:21-22). Ele desejaria milhões de vezes que as tentações tivessem sido recusadas e que o pecado nunca tivesse sido cometido.

Quero apresentar o lamento do coração do pecador nesta proposição: "Oh, como sou miserável, o que tenho feito eu durante todos os meus dias! Seria esse o fim para o qual fui criado, destruir a mim mesmo? Não havia algo melhor a fazer do que adicionar pecado a pecado, e então entesourar ira para o dia da ira? Quanto tempo tenho desperdiçado, e como tenho me esforçado para tornar ine um miserável! Ah, tolo, miserável auto-destruidor! Não percebe o quanto tem provocado a ira do Senhor? Oh, que meus olhos sejam fontes de lágrimas e que eu possa chorar dia e noite! Os condenados irão chorar e lamentar par sempre, e eu não deveria lamentar e chorar - eu que mereço tanto ser condenado? Tenho toda razão para estar perturbado e humilhado grandemente, e para prantear durante o dia todo".

Assim o pecador se aflige e lamenta-se, pois a companhia dos amigos, os prazeres sensuais e as diversões mundanas não podem mandar embora suas tristezas. Ninguém, senão Aquele que faz as feridas no coração, é capaz de curá-las novamente.

D. Aqueles que o Espírito chama efetivamente, Ele faz com que se desesperem de si mesmos. Eles são levados a compreender que não há poder neles mesmos, a não ser fora dos caminhos do pecado e da miséria nos quais estão mergulhados. E como são incapazes de se ajudarem, então eles compreendem que são totalmente indignos de serem ajudados. Deus pode justamente permitir que permaneçam onde caíram e, não fosse a Sua intervenção, cairiam cada vez mais até não poderem mais ser recuperados. O pecador pode valer-se de suas boas obras, esperando com isso reconciliar-se com Deus por causa daquilo que ele tem feito de errado, entretanto é levado a ver que suas melhores obras estão tão misturadas com o pecado que, não fosse a justiça e a intercessão de Cristo, estas seriam verdadeiras abominações. Agora ele está abatido no seu interior. Ele não tem confiança na carne (Fil. 3:3). Ele não pode fazer nada por si mesmo. Não pode alegar que tenha direitos a ter algo feito em seu favor, mas ele deve esperar a graça de Deus para tudo.

Baseado nisso, ele clama pelos caminhos do Senhor (Sal. 130:1). Ele percebe que está afundando e clama: "Das profundezas a ti clamo, ó Senhor. Senhor salva-me ou perecerei. Estou à beira do inferno e cairei, a menos que a mão da misericórdia me segure." Ele implora com Efraim: "Salva-me, e serei salvo. " E como o mal do pecado se torna manifesto à sua vista, assim a bondade de Deus é, em alguma medida, revelada pelo Espírito. E, portanto, ele decide se tornar um convertido, não somente pela necessidade, porque dessa maneira ele seria extrema e eternamente miserável, mas também por escolha, porque esse é o caminho para a verdadeira felicidade. E este desejo de ser convertido é como se fosse o primeiro sopro da operação do Espírito em todos aqueles que Ele chama efetivamente para voltarem-se para Deus, como também são as muitas outras maneiras como o Senhor chama os pecadores à conversão, muitas das quais tornaram-se sem efeito, porque aqueles que foram chamados são surdos, desobedientes e rebeldes.



domingo, 9 de outubro de 2011

Os Frutos do Cristão




"Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos" - João 15.8

A frutificação na prática cristã não só trará glória a Deus, mas apresentará a melhor prova, em nosso coração, de que somos verdadeiros discípulos de Cristo.

A certeza do nosso benefício em Cristo e da nossa consequente segurança eterna é um dos mais altos privilégios da fé. Sempre duvidar e sempre temer é uma ocupação deprimente. Em qualquer caso importante, nada é pior do que o suspense, e, mais do que tudo, no que tange à nossa alma. Quem quiser conhecer uma das melhores receitas para obter segurança deve se empenhar em estudar as palavras de Cristo postas agora diante de nós. Deve se esforçar para dar "muito fruto" em sua vida, hábito, temperamento, palavras e obras. Agindo assim, sentirá o "testemunho do Espírito" no coração e apresentará provas abundantes de ser um ramo vivo da Videira verdadeira. Encontrará na alma a evidência interna de que é filho de Deus, e encherá o mundo com indiscutíveis evidências externas. Não deixará espaço para a dúvida de que é um discípulo de Cristo.

Por que tantos crentes nominais sentem pouca consolação na fé que professam e seguem dominados pelo medo e pela dúvida no caminho para o céu? A resposta apresenta-se na sentença do Senhor que consideramos agora. Os homens se satisfazem com pequenas doses de cristianismo e poucos frutos do Espírito; não se esforçam para ser santos em todo seu proceder (1Pedro 1.15). Não é de admirar que desfrutem de pequenas doses de paz, tenham pouca esperança e quase não deixem evidências atrás de si. O mal está neles mesmos. Deus uniu a santidade com a felicidade, e aquilo que Deus uniu não devemos separar.

Pela graça de Deus, podemos fazer das leis de Cristo nossa regra de vida e mostrar diariamente nosso desejo de agradá-lo. Assim fazendo, nosso Mestre gracioso nos concederá a consciência permanente do seu favor e nos fará sentir o favor da sua face sobre nós, como o sol brilhante de um dia bonito. "A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança" (Salmos 25.14).



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

COMO ESCOLHAR UMA IGREJA PARA CONGREGAR



É perfeitamente compreensível que mesmo um sério e sincero perseguidor da verdade fique confuso quanto à situação religiosa de hoje; com centenas de denominações, seitas, somente dentro da cristandade, bem como centenas de outras em outros países e culturas, e com o nascimento de novos movimentos religiosos a cada dia. Porém, Deus providenciou instrução adequada para nos capacitar a reconhecermos "o Espírito da verdade e o espírito do erro" (I João 4:6) se nós assim o quisermos.

Três critérios são particularmente úteis para avaliar determinados movimentos e seitas: os ensinamentos dos seus líderes no que tange à Bíblia, com respeito a Cristo, e com relação ao meio de obtenção da salvação, respectivamente:

1. Atitude no que tange à Bíblia
A Bíblia desde a antigüidade proclama ser a palavra escrita de Deus. As Escrituras do Velho Testamento foram aceitas por Cristo e pelos apóstolos como divinamente inspiradas e completamente infalíveis. Jesus disse: "A Escritura não pode falhar" (João 10:35). Quanto ao Novo Testamento, Ele prometeu aos seus apóstolos que "o Espírito Santo vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito" (João 14:26), e que "o Espírito da verdade... vos guiará a toda a verdade" (João 16:13).

Portanto, durante o primeiro século, os apóstolos que estiveram com Cristo testemunharam sua ressurreição e receberam essas promessas, e, gradualmente, escreveram os Evangelhos e Epístolas que agora estão incluídos no Novo Testamento. Eles foram prontamente recebidos e reconhecidos pelos primeiros cristãos como Escrituras inspiradas. Os apóstolos defendem que estes escritos foram divinamente inspirados e fonte de autoridade, e os verdadeiros cristãos sempre as aceitaram como tais.

Por fim, foi concedido ao último dos apóstolos, João, o apóstolo amado, no fim do primeiro século, olhar profeticamente para as eras futuras e escrever o último livro das Escrituras, o livro de Apocalipse, que completou a palavra escrita de Deus, "Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qua lquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro" ((Apocalipse 22:18, 19).

Estas últimas palavras de Cristo aos apóstolos nos trazem uma regra muito importante: as Escrituras são plenamente inspiradas, mesmo cada palavra, e aqueles que a elas acrescentarem ou delas tirarem são, por assim dizer, falsos pregadores.

Em regra, os adeptos de seitas são culpados de “adicionarem” às Escrituras, reivindicando ou que os escritos dos seus próprios fundadores foram divinamente inspirados, ou que as interpretações de seus líderes são unicamen te necessárias e autoritativas. Modernistas e liberais, por outro lado, são culpados de um erro ainda mais sério: o de “tirar” das Escrituras, selecionar ou alegorizar aquelas porções que acham que não concordam com a ciê ncia ou são irracionais para o homem moderno. O verdadeiro pregador, no entanto, aceitará toda a Bíblia, e somente ela, como a infalível Palavra de Deus.

2. Atitude com respeito a Cristo
Um verdadeiro pregador cristão aceitará Jesus Cristo com alegria e falará de quem Ele realmente é: verdadeiro Deus e verdadeiro homem. "Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho" (I João 2:22). "Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo" (II João 7). "... haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição" (II Pedro 2:1).

O erro sobre a pessoa de Cristo pode levar ou à forma de uma antiga heresia gnóstica, que negava Sua verdadeira humanidade, ou à de uma moderna heresia agnóstica, que nega Sua verdadeira divindade. Estes últimos o conside ram um grande homem, pregador e líder religioso, rejeitando Seu nascimento virginal, Sua vida sem pecado, Seu castigo substitutivo, Sua ressurreição corpórea e ascensão. Qualquer seita, denominação ou movimento religioso que não proclama claramente, e forçosamente, o Senhor Jesus Cristo, tanto como o perfeito Filho do homem e o Unigênito Filho de Deus, "o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso", (Apocalipse 1:8) mente, e deve ser rejeitado (a).

3. Atitude com relação à Salvação
O evangelho de Cristo é "o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê" (Romanos 1:16). A palavra “evangelho” significa “boas novas,” não “bons conselhos.” Ela não nos diz o que nós devemos fazer para obter a salvação, mas, antes, o que Cristo fez para nos conceder a salvação, como um presente gratuito. "Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie" (NVI) (Efésios 2:8,9).

Qualquer religião debaixo do sol, quer seja pseudo-cristã ou não-Cristã, que alimenta o orgulho humano por ensinar que existe algo que se possa fazer para obter ou ajudar na obtenção de sua própria salvação. Apenas o verd adeiro cristianismo bíblico reconhece o homem como ele realmente é, totalmente perdido no pecado, destinado à separação eterna de Deus. O evangelho, "pelo qual sois salvos," são as gloriosas novas que "Cristo morreu por n ossos pecados" (I Coríntios 15:1,3), e que podemos ser salvos pela graça (favor que não merecemos), através da fé pessoal em Cristo, nada mais! Qualquer religião que ensine de outra forma é, nesse aspecto, falsa. Paulo disse, "Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado" (NVI) - (Gálatas 1:9). Se alguém é realmente salvo pela graça de Deus, em Cristo, buscará, logicamente, seguir a Cristo e Sua Palavra em todas as coisas; não como se fosse comprar a salvação, mas por amor e gratidão por Seu maravilhoso dom de perdão, e vida eterna.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Vejamos algumas dimensões do ministério verdadeiro:



1. Caráter: o fundamento do ministério (Fp.2.14-16)
2. Serviço: a natureza do ministério (II Tm.2.3, 4)
3. Amor: o motivo do ministério (Rm.12.9-11)
4. Sacrifício: a medida do ministério (Sl.40.5-9)
5. Submissão: a autoridade do ministério (Fp.2.5-8)
6. Glória de Deus: o propósito do ministério (I Co.10.30-32)
7. Palavra e oração: as ferramentas do ministério (Hb.4.11-13)
8. Crescimento da obra: O privilégio do ministério (Mt.13.31, 32)
9. Espírito Santo: o poder do ministério (Ef.5.18-20)
10. Cristo: o modelo do ministério (Hb.7.22-27)





segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Mito da Contextualização do Evangelho



por Filipe Luiz C. Machado

Talvez você já tenha ouvido sobre o mito que vaga pelos redutos evangélicos e que constantemente distorce a verdade e sussurra heresias às tubulações humanas.

Esse mito - a ponto de tornar-se forma corpórea - pode ser encontrado desde as mais densas cavernas, até o mais alto edifício de uma cidade metropolitana.

Reza a lenda que ele nunca conseguiu incorporar uma pessoa, contudo, há vezes em que pessoas aparentam ser possuídas por ele. No entanto, sua influência pode ser vista em boa parte dos pregadores e professos da fé cristã. Tais pessoais tem sido sensíveis à sua voz, sem contudo atentarem para as portas da morte para onde estão sendo levadas.

Esse espírito - sem corpo - sempre começa ensinando que em vez da Bíblia ser a palavra de Deus, ela na verdade contém a palavra de Deus - levando muitos a duvidar da eficácia das palavras ali contidas. Ele também dissemina filosofias pragmáticas e humanistas no intuito de conferir ao homem a liberdade quanto ao futuro e ensina-o de que "depende somente de você". Mas, infelizmente, ele não para por aí.

Segundo relatos fieis, ele tem ensinado que se o evangelho não for mascarado e fantasiado, eficácia alguma terá na vida dos incrédulos. Dizem essas línguas que ele as ensina a serem iguais ao mundo, imitarem tudo o que o mundo faz, mas dizerem que estão fazendo tudo "para Jesus".

Há grupos que saíram da "heresia" e foram para a "sã doutrina" e vieram a se tornar "hippies de Jesus", não respeitando a sociedade e lutando pela liberdade plena do homem quanto ao governo Estatal. Outros ainda tornaram-se "punks de Jesus", revoltando-se contra a sociedade e tendo a anarquia como sua aliada. Há ainda outros que foram além dizendo que eram "vampiros de Cristo", pois dependiam do sangue de Cristo para sua sobrevivência. Alguns ainda alegam que foram abduzidos e levados a fazer coisas contrárias ao seu querer, mas quanto à esses eu tenho alguma dúvida. O fato é que quanto mais a sociedade avança, mais esse mito torna-se pernicioso às mentes humanas e leva-as a experimentarem-o, na falsa segurança que ele as levará ao êxito prometido.

Conta a história que esse antigo espírito mitológico ressurgiu em aldeias liberais, ao ser lentamente invocado pelos pajés que queriam ser relevantes para o mundo. Segundo o historiador Reformado, tais líderes teriam duvidado do poder de Deus em salvar os pecadores por meio de sua palavra pregada e por isso passaram a acrescentar mecanismos humanos de persuasão, tudo para conquistar e escravizar às tribos ao seu redor.

É triste, mas ainda que esse espírito já tenha sido fortemente combatido por meio de palavras mágicas, ainda persiste e continua a ser um erro para alguns e um amuleto para outros. Erro para aqueles que acreditam que ele não lhes fala a verdade, mas continuam a segui-lo; e um amuleto para aqueles que não conhecem a verdade, mas acreditam em suas palavras lisonjeadoras e massageadoras do ego.

As autoridades competentes alertam para tal perigo e recomendam a oração e leitura bíblica diária em caso de contato com os olhos, mente ou coração.