quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sugestões para se evitar o pecado do adultério




por Arthur Pink

1) Cultivar um senso habitual da presença divina, percebendo que "os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons" (Pv 15.3).

2) Manter uma estrita vigilância sobre os sentidos; pois, com muita frequência, esses são as avenidas que ao invés de permitir a entrada de correntes agradáveis para refrescar, em geral deixam entrar barro e lama para poluir a alma. Faça um pacto com seus olhos (Jó 31.1). Feche os seus ouvidos contra qualquer conversa obscena. Não leia nada que contamine. Vigie os seus pensamentos, e trabalhe prontamente para expelir os que forem perversos.

3) Pratique a sobriedade e a a temperança (1Co 9.27). Aqueles que indulgem em glutonaria e bebedice geralmente descobrem que seus excessos levam à cobiça.

4) Exercite-se numa ocupação honesta e legal; está provado que a ociosidade é tão fatal a muitos como a intemperança a outros. Evite a companhia do perverso.

5) Dedique-se muito à oração fervorosa, implorando a Deus que limpe o seu coração (Sl 119.37).

Extraído do livro "Os Dez Mandamentos - Uma Exposição Bíblica" - Publicações Monergismo -www.monergismo.com - pg. 64


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A Unidade da Igreja na Cidade

 


Introdução

Talvez a pessoa que mais influenciou nos últimos 50 anos, sobre o tema da UNIDADE DA IGREJA foi Watchman Nee, com seu livro A Igreja Normal. No fim da década de 30  , se editou o livro em Chinês. Logo se traduziu para o Inglês e em meados da década de 60 , tivemos o livro em nossas mãos para os leitores de língua espanhola (portuguesa).
No início do livro já Nee adverte o leitor que: Não se deve fechar a porta com um golpe de "impossível", "ideal porém impraticável". Tal qual é o que tem sucedido com muitos que o leram, hoje está se passando o mesmo com outros que escutam falar sobre tema. Porém o Espírito Santo inquietou a alguns para que como profetas levantem sua vós e falem sobre a UNIDADE DA IGREJA. Alguns o fazem com veemência e fé, e outros são como uma vós no deserto que apenas se ouve. O certo é que hoje não são poucos os que crêem que esta é a palavra de Deus, e que o Senhor vai unir o seu povo. Cada vez são mais os que crêem que João 17 e Efésios 4 terá cumprimento antes da vinda do Senhor. Hoje, as barreiras denominacionais não são tão rígidas como anos atrás. Os pastores de uma mesma localidade se reúnem, se buscam, sentem necessidade uns dos outros, se apreciam, e os irmãos querem estar juntos. Só o Espírito Santo pode fazer isso.

A palavra Igreja e seu uso no Novo Testamento

A palavra igreja vem do vocábulo grego "Ekklesia", que aparece 114 vezes no N. Testamento.
  • No singular aparece 17 vezes referindo-se a IGREJA UNIVERSAL. Mt 16:18; Ef 1:22; Cl 1:18; etc.
  • No singular aparece 49 vezes referindo-se a IGREJA LOCAL. Mt 18:17; I Cor 1:2; etc.
  • No plural aparece 38 vezes e se refere as IGREJAS LOCAIS de diversas localidades. Atos 9:31; II Cor 11:8; Apoc 1:4 e 11; etc.
  • Aparece 10 vezes em várias formas. Rom 16:5; Heb 12:23; Atos 19:32,39,40.

A Igreja na Cidade

Nos tempos dos primeiros apóstolos e pais da igreja, a totalidade dos crentes que viviam em uma cidade formavam a ÚNICA igreja daquele lugar. Não havia naqueles dias duas ou mais igrejas coexistindo simultaneamente em uma mesma localidade. Não há nenhum relato bíblico que se refere a pluralidade de igrejas em uma mesma localidade.
No capítulo 11 do livro de Atos se relata o nascimento da igreja em Antioquía. É a primeira comunidade mista onde não existe a parede de divisão, entre Judeus e gentios. Esta mistura , permite ter uma visão mais ampla da extensão do Reino de Deus. Com uma clara visão apostólica, a igreja de Antioquía chega a ser a mais missionária daqueles tempos. Barnabé e Paulo saem de Antioquía fundando as igrejas por todo mundo conhecido. Ao cabo de alguns anos , encontramos a igreja do Senhor em cidades ou localidades como Iconio, Listra, Filipos, Tessalonica, Eféso, Corinto, etc. Em cada localidade fundaram uma só igreja. A nenhum dos apóstolos fundadores havia ocorrido levantar "outra" igreja se já existia uma em cada localidade.. Quando Apólo chegava a uma cidade, não se lhe ocorria levantar "outra igreja" de acordo com seu estilo. Se assim o fizesse estaria realizando uma divisão no corpo de Cristo.
  • A igreja mencionada nas Sagradas Escrituras está fundada sobre o princípio de que em cada cidade deve haver uma só igreja.
Para eles era improcedente, por estar reunido com a mesma natureza da igreja, pretender edificar "outra igreja" na mesma localidade quando já havia uma. Tal pretensão supõe atentar contra o corpo de Cristo. Este princípio foi tão claro para os apóstolos que as igrejas se denominava pelo nome da localidade. A única maneira de identificar uma igreja determinada era pelo nome da cidade em que estava:
  • "a igreja que estava em Jerusalém" ( At 11: 22)
  • "a igreja que estava em Antioquía,"( At 13:1)
  • "a igreja de Deus que está em Corinto". ( I Co 1:2 e II Co 1:1)
  • "a igreja em Éfeso.... a igreja em Esmirna.... a igreja em Pérgamo.... a igreja em Tiatíra..... etc. ( Ap 2:1, 8, 12, 18...).
Isto deixa muito evidente duas realidades que estamos sustentando:
O nome da cidade dava a cada comunidade a sua identidade. Em cada cidade havia uma única igreja , pois nunca se disse no Novo Testamento: ".... as igrejas que estão em uma determinada cidade." Em outras palavras, a totalidade dos filhos de Deus que viviam em uma cidade formavam a única igreja dessa cidade.

Interpretações errôneas sobre a unidade da igreja

Quando se fala sobre a unidade da igreja, muitos interpretam erroneamente o que isto significa, não porque haja má intenção senão porque nosso contexto de igreja nos desorienta. A situação de anormalidade na qual vivemos não nos permite compreender com clareza como pode funcionar uma igreja em cada localidade. É necessário atuar com paciência e maior dependência do Espírito Santo para que Ele clareie nossos pensamentos e ilumine o nosso espírito.
  • Um erro comum é pensar que a igreja da localidade deve funcionar em um só edifício. Estão tão ligado ao conceito igreja-edifício que parece que não se pode pensar em uma só igreja na localidade sem imaginar a todos em um só edifício. Temos que repetir até cansar que o edifício não é a igreja; sem parar, se segue chamando ao edifício com o termo "igreja". Isto faz com que se continue se associando igreja com edifício.
  • Outro erro é pensar que todos temos que ser membros da mesma instituição. Todavia é comum pensar que se somos da mesma denominação somos um. Esta herança ficou na igreja pelo ensinamento tão marcado de que cada organização tinha que levantar uma congregação em cada povo ou cidade, ainda que já tivesse outros grupos cristãos estabelecidos, considerando normal as divisões, e que só tinha que manter a unidade denominacional. Graças a Deus, muitos pastores, sem necessidade de romper seus vínculos denominacionais, estão relacionando-se cada vez mais com outros pastores da localidade; não obstante, há outros líderes que Deus está levando há uma relação mais estreita com os pastores de sua cidade, quebrando as barreiras mais tradicionais.
  • Um erro todavia mais sutil é pensar que a unidade da igreja em uma cidade consiste em reunir a todos os membros da igreja em uma reunião dominical ou semanal. Por supor que fazer reuniões conjuntas periodicamente que é muito bom; porém seria um erro pensar que a unidade da igreja é fazer reuniões com todo o povo. Bem no começo da renovação nos libertamos da associação igreja-edíficio; porém muitos não conseguem libertar-se da associação igreja-reunião. A reunião conjunta é uma expressão da igreja, porém não é a única nem fundamental. Por muitos anos, a igreja por causa da perseguição não podia ter uma só reunião para expressar sua unidade; não obstante, funcionava como uma só igreja.
Não confundamos a unidade da igreja com estar todos debaixo de um mesmo teto, nem com uma só instituição legal, nem tampouco com a reunião . Nosso contexto de igreja é o que nos condiciona a pensar que esta conduta coletiva é a mais importante expressão da unidade da igreja.

A Igreja: Um só Corpo

A igreja deve funcionar em cada localidade como UM SÓ CORPO. Ao pensar na igreja como UM SÓ CORPO nos liberamos de limitar a unidade da igreja a edifícios, reuniões ou instituições. E abrimos nossa mente a multiforme sabedoria de Deus para entender o funcionamento da igreja da cidade. Quando pensamos em um corpo, pensamos em algo dinâmico, não estático; flexível , não rígido; adaptável, dócil. A figura do corpo é muito eloqüente e funcional; porque uma vez que em um corpo, estão todos os seus membros sujeitos uns aos outros formando uma unidade orgânica. Paulo declara em Efésios 4: 16 "do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, ..." Quando pensamos na igreja como corpo, fica mais claro que há coisas que são circunstanciais . Pode celebrar-se na localidade uma reunião, ou dez reuniões, ou cinqüenta reuniões em lugares diferentes. Podem ter um edifício, ou muitos edifícios, ou nenhum. Todas estas coisas são circunstanciais. O ser uma só igreja na cidade não depende destas coisas que estamos considerando. Porém é fundamental que a igreja em cada cidade chegue a "SER" UM SÓ CORPO, de um modo real, funcional e visível .

  • ICo 12: 20 Agora, porém, há muitos membros, mas um só corpo.
  • ICo 12: 27 Ora, vós sois corpo de Cristo, e individualmente seus membros.
  • Ef 1: 22,23 e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja, que é o seu corpo, o complemento daquele que cumpre tudo em todas as coisas.
  • Cl 1: 18 também ele é a cabeça do corpo, da igreja; .....

Os Apóstolos: ( Anciãos ) Fator de Unidade

Jesus Cristo é o cabeça da igreja. Ele é quem governa e tem toda autoridade. Ele é quem cobre, santifica e sustenta. Portanto a autoridade da igreja é uma autoridade delegada e está diretamente relacionada com a submissão que se manifesta ao cabeça; porém, fundamentalmente, a submissão aos Apóstolos ( anciãos = mais experientes ), já que estes são os guias e canais para abençoar o povo.
Quando os reis de Israel faziam a vontade de Deus, e o povo seguia essa linha de conduta, e honravam o Senhor Ele os abençoava. Por outro lado quando os reis viviam conforme os seus próprios caminhos, o povo sofria as conseqüências e se apartava do Senhor. No concílio de Jerusalém se reuniram os apóstolos e anciãos para tratar sobre o tema da circuncisão. Logo, comunicaram a igreja o seguinte: "nos pareceu bem a nós e ao Espírito Santo...."
Em Antioquía foi o Espírito Santo que falou aos líderes da igreja acerca de Paulo e Barnabé. Essa relação com o Espírito Santo é que outorga autoridade aos apóstolos e anciãos para conduzir o povo nos propósitos de Deus e levar a igreja ao cumprimento de sua vontade.
A vontade de Deus é a UNIDADE DA SUA IGREJA. Os líderes da igreja podem ser um meio para unir o povo do Senhor ou para dividir ainda mais a casa de Deus. Os pastores de cada localidade devem funcionar como um só presbitério. Deus nos conceda graça para sermos fator de unidade.

A Igreja : Um só Fundamento

A preocupação do apóstolo Paulo foi a unidade da igreja em uma mesma localidade. Não há nenhum conceito que permita que os crentes de uma mesma localidade se dividam, formando grupos em torno do ministério de diferentes apóstolos. Alguns diziam "eu sou de Paulo", outros "eu sou de Apólo", ou "eu sou de Cefas", o " eu sou de Cristo". O apóstolo declara: "Ninguém pode por outro fundamento além do que já esta posto, o qual é Jesus Cristo".

Cuidados e Advertências

A unidade da igreja não é a unidade da "vassoura" onde se ajunta tudo: tudo que se chama "igreja", tudo que se chama "cristão".
  • A unidade se dá com aqueles que são da mesma espécie: com quem deve ser?, com somente os evangélicos? , com os protestantes? , com os católicos?, com quem?, com os que nasceram de novo? Ainda que alguns digam que tiveram uma experiência de conversão, ainda que digam que nasceram de novo, hoje constatamos que isso não é nenhuma garantia de que são filhos de Deus. Jesus nos ensinou a diferenciar entre os que "são" e os que se "dizem"; Jesus disse: POR SEUS FRUTOS OS CONHECEREIS. O santo só se une com o santo. A espiritualidade na igreja trará como conseqüência a unidade. Se quisermos unir o carnal com o espiritual, provocaremos mais divisão. A casa de Saul e a casa de Davi não puderam marchar juntas, porém na medida em que o espiritual vai se fortalecendo a carne irá se debilitando e alcançar-se a maior unidade.
  • A unidade vem com o reconhecimento de autoridade. A unidade não deve dar-se só porque estamos de acordo. Estar de acordo é necessário, como é a santidade e a integridade. Porém também é necessário o reconhecimento de autoridade. Sempre me chamou a atenção Atos 8:1, onde se diz: "que todos foram dispersos, exceto os apóstolos". No meu entender esta unidade apostólica foi o ponto de referência para a unidade da igreja. Também a atitude de Paulo, que não decide por sua própria conta a não circuncisão dos gentios, senão que sobe a Jerusalém para tratar do assunto com os demais apóstolos, reflete a unidade que havia na igreja. Isto se dava pelo reconhecimento do princípio de autoridade. Paulo podia ter decidido por sua própria conta nas igrejas que havia fundado e que estavam sob os seus cuidados; porém consciente de que a igreja é uma, se submete a toda autoridade. Logo, o apóstolo Pedro em sua carta reconhece o ministério e a revelação que havia em Paulo, o apóstolo; o reconhecimento desta autoridade mantinha e deixa evidente a unidade que havia na igreja . Devemos reconhecer os ministérios e os dons que Deus vai levantando na localidade onde residimos se quisermos alcançar a unidade.

Nossa Vocação Pela Unidade

Por causa das divisões da igreja temos empobrecido. Os ricos recursos ministeriais do corpo de Cristo estão dispersos. A maioria das congregações tem um ministério uni-pastoral ( singular) . Um só homem não reúne em si mesmo todos os dons e ministérios. Estamos desarticulados. Não funcionamos como um corpo. A bíblia nos fala de diversidade de ministérios. Onde estão? Onde estão os apóstolos e os profetas? Onde estão os que pastoreiam os pastores? Todavia não existe suficiente consciência de que um dos grandes dramas da igreja é a solidão ministerial? Até quando seguiremos assim? A igreja em cada localidade deve funcionar como um só corpo. Deve assumir, com todas as congregações do lugar, sua IDENTIDADE como A IGREJA DA CIDADE, pois tão somente em unidade poderá cumprir com sua missão integral no mundo.

Se juntos aos nossos irmãos da localidade assumimos nossa responsabilidade de que somos luz e sal, os problemas da cidade se tornam nossos problemas e assumimos nosso compromisso. Os pobres, os órfãos, as viúvas que estão desamparadas, as crianças e anciãos abandonados, os que sofrem injustiças, etc. , serão o peso da igreja da cidade.

Porém quando vemos todos estes problemas, e estamos sós nos apavoramos e dizemos: impossível para a nossa congregação. Porém quando enfrentamos em conjunto com os demais irmãos, PODEMOS; porque no corpo estão todos os recursos. Por causa da divisão estamos gastando mal os nossos esforços e duplicando os nossos trabalhos. NECESSITAMOS DA UNIDADE.

  • Não nos resignemos a uma igreja dividida, como inimigos guerreando.
  • Não nos conformemos com o fato de nossas congregações estejam mais ou menos bem.
  • Não aceitemos a teologia da resignação, que diz que somos um em espírito.
  • Não condenemos aquele que não vê, não compreende, ou que não tem fé. Só Deus pode revelar a sua palavra.
  • Cremos que a unidade da igreja tem que ter sua expressão prática na localidade e que todos os crentes da cidade formam um só corpo.
  • Cremos que Deus paulatinamente irá restaurando a unidade de sua igreja em cada cidade ou povo.
  • Cremos que Deus previamente através do Espírito Santo, nos levará a um nível de santidade e espiritualidade que fará DESEJAVEL a unidade.
  • Cremos que Deus fará, pois a unidade da igreja é um milagre tão grande que só Deus pode fazer.
  • Cremos que a cruz irá operando em cada um dos pastores, depondo toda atitude carnal que impede a unidade.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Nem três, nem reis! A verdadeira história dos Magos



Por Hermes C. Fernandes


Figuras notórias nos cartões natalinos, os três reis magos exercem fascínio sobre os cristãos do mundo inteiro. Mas quem disse que eram “reis”? E mais: quem disse que eram “três”? Não há uma única passagem bíblica que afirme isso. Presume-se que eram três por serem três os presentes que trouxeram ao menino Jesus. Mas não há qualquer indício para que presumamos que eram reis.

Até nomes e nacionalidades já lhes foram atribuídos: Baltazar, o árabe; Belchior, o indiano; e Gaspar, o etíope. Geralmente, eles aparecem nos quadros natalinos ao redor da manjedoura, porém a Bíblia sugere que ao chegarem a Belém, Jesus já teria por volta de dois anos.

Se quisermos distinguir entre o que diz a tradição e o que dizem as Escrituras, nada melhor do que examinarmos o texto bíblico em busca de mais informações sobre esses personagens misteriosos, aproveitando para buscar edificação para nossas vidas. Afinal, nada do que está registrado na Bíblia tem outro propósito que não seja nos edificar.

“Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, vieram uns magos do Oriente à Jerusalém, e perguntavam: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo” (Mt.2:1-2).

Quem seriam os magos? Por que foram chamados assim? Pode-se conjecturar a partir de evidências extra-bíblicas. A palavra “magoi”, traduzida como “magos” sugere que eles pertenciam à casta sagrada dos Medos, sendo sacerdotes da Pérsia. A religião praticada por eles provavelmente era o Zoroastrismo, que proibia a feitiçaria; seu encontro com Jesus se deveu à sua astrologia e habilidade de interpretar sonhos.

Naquela época não havia distinção entre astronomia e astrologia. Todos os que se ocupavam a estudar os fenômenos celestes eram astrólogos. Portanto, a astrologia era considerada uma ciência. A aparição de um novo astro nos céus indicava que algo extraordinário estava por acontecer.

Acerca da misteriosa estrela, há várias explicações plausíveis.

# A palavra “aster” pode significar um cometa.

# A estrela poderia ter sido a conjunção de Júpiter e Saturno (7 a.C.), ou de Júpiter e Venus (6 a.C.). Conjunção é quando dois astros parecem se fundir nos céus devido a um alinhamento raro, e assim, dão a impressão de serem um único astro, mais brilhante que todos à sua volta.

# Os Magos podem ter avistado uma super-nova, uma estrela que aumenta de repente em tamanho e brilho e em seguida, diminui novamente. Fenômeno muito raro de ser avistado à olho nu.

Estas teorias, embora razoáveis, deixam de lado a explicação que “a estrela que tinham visto no Oriente, ia adiante deles até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino”(Mt. 2:9). Que fenômeno celeste seria capaz de tal proeza?

Teria sido a Estrela de Belém um milagre, tal qual a coluna de fogo que permaneceu no arraial durante o Êxodo dos hebreus (Êx.13:21)? Ou como o resplendor de Deus que brilhou em torno dos pastores no campo (Lc.2:9), ou ainda como a luz proveniente do céu que apareceu a Saulo de Tarsos no caminho de Damasco (At.9:3)?

Tenha sido um fenômeno natural ou sobrenatural, o que importa que os magos se deixaram guiar por ele, e isso os levou até Jerusalém. Provavelmente, eles imaginaram que o novo rei teria nascido em Jerusalém. Que outro lugar haveria para que um monarca judeu nascesse do que na cidade dos reis?

Eles também achavam que todos estavam a par da boa notícia. Mas se equivocaram. Ninguém na cidade sabia que algo extraordinário havia acontecido. “Quando o rei Herodes ouviu isto, alarmou-se e com ele toda Jerusalém” (Mt.2:3). A voz dos magos ecoou pelas ruas e mercados da cidade santa. Mas em vez de alegrar-se com a notícia, todos se alarmaram.

Logo agora que todos já haviam se acostumado à idéia de terem Herodes, um edomita, como rei, a aparição de um novo rei subverteria a ordem, o Status Quo. E vale dizer que conquistar a simpatia dos judeus custou muito caro a Herodes. Entre os empreendimentos que visava conquistar a admiração dos judeus, estava a restauração do templo, tornando-o ainda mais suntuoso do que nos tempos áureos.

Herodes, agora, se sentia ameaçado. Ele sabia que não tinha o direito de sentar-se naquele trono. Ele não pertencia à linhagem de Davi. Sequer era judeu. Por isso, convocou “todos os principais sacerdotes, e os escribas do povo”, e “perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo”(v.4).

Os magos não possuíam todas as informações. Eles sabiam que o menino havia nascido, mas não tinham idéia de “onde”. Nada indica que eles conhecessem os textos sagrados, as profecias. O único livro de que dispunha para obter informações sobre o nascimento do Messias era o “livro da natureza”. A astrologia era a sua ciência.

Há que se ponderar aqui sobre algo: a ciência não responde a todas as nossas perguntas. Através da ciência podemos fazer uma leitura dos fenômenos naturais que nos forneceram indícios acerca de Deus. Há que se deduzir: se há leis que regem o Universo, logo, há por trás delas um Legislador.

Não há razão para que a fé e a ciência se ponham em trincheiras opostas. Cada uma se dispõe a responder a perguntas diferentes, que abarcam sua área de atuação.

Em se tratando da criação, por exemplo, podemos dizer que a ciência se propõe a responder a duas perguntas: “quando”, e “como”. Já a fé deve focalizar em outras questões: “quem”, e “pra quê”.

No caso que estamos examinando, a ciência levou os magos na direção certa, porém, faltava-lhes algumas informações que só a revelação contida na Palavra é capaz de suprir.

Herodes mandou chamar a “nata” da teologia de sua época. Ninguém conhecia tão bem as escrituras do que os sacerdotes e os escribas. Os primeiros, porque a liam constantemente. E os escribas porque a copiavam exaustivamente.

“Eles lhe responderam: Em Belém da Judéia, pois foi isto que o profeta escreveu: E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és o menor entre os governantes de Judá; pois de ti sairá um guia que apascentará o meu povo, Israel” (Mt.2:6).

Embora buscasse na fonte certa a resposta, a motivação de Herodes era a pior possível. Como ele, há muitos em nossos dias que usam das Escrituras para alcançar objetivos espúrios, assim como há muitos cientistas, alguns deles ateístas, que buscam respostas com a melhor das intenções.

O texto prossegue, dizendo que “Herodes chamou em secreto os magos, inquiriu deles exatamente acerca do tempo em que a estrela aparecera” (v.7).

Por que Herodes não buscou tal informação nas Escrituras? Simplesmente, porque elas não ao contém. Assim também, é perda de tempo buscar certas informações nas páginas das Escrituras.
A Bíblia jamais se preocupou em oferecer um cronograma exato de acontecimentos históricos. Dizer que a criação se deu há cerca de seis mil anos, por exemplo, é fazer uma leitura ingênua e equivocada do livro sagrado.

Depois de certificar-se do tempo em que a estrela aparecera, Herodes enviou-os a Belém, dizendo-lhes: “Ide e perguntai diligentemente pelo menino. Quando o achardes, avisai-me, para que eu também vá e o adore” (v.8).

Os meios usados por Herodes para obter informação sobre o nascimento do Messias eram legítimos e louváveis, porém suas motivações e seu objetivo eram deploráveis. Aqui encontramos o inverso do que foi proposto por Maquiavel: os meios justificando os fins!

“Tendo eles ouvido o rei, partiram. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. Vendo eles a estrela, alegraram-se imensamente” (vv.9-10).

Por que, antes de chegarem a Belém, eles passaram por Jerusalém? Porque a estrela os guiara até lá. Porém, ela não se estagnou. Era apenas uma escala na viagem, não o destino final. A estrela só parou sobre o lugar onde estava o menino.

Imagine a alegria daqueles homens, depois de viajarem por cerca de 1200 milhas, empregando para isso cerca de doze meses de camelo em um trajeto por regiões inóspitas e desérticas do oriente médio.

Para a surpresa deles, o Messias anunciado pela estrela não fora encontrado nos palácios de Jerusalém, mas em uma modesta casa em Belém.

“Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe e, prostrando-se, o adoraram. Então, abrindo os seus tesouros, lhe apresentaram suas dádivas: ouro, incenso e mirra” (v.11).

De alguma maneira, eles chegaram à conclusão de que aquele menino não era apenas mais um monarca, mas o próprio Deus que Se fizera homem. Por isso, sentiram-se compungidos a se prostrar e adorá-Lo.

Chegara a hora de descarregar seus camelos. Em vez de fraldas, mamadeiras, chupetas, e outras coisas que geralmente se dá um nenê, eles presentearam ouro, incenso e mirra.

O incenso era considerado oferenda sagrada. Todas as religiões do Oriente o usam em seus rituais, inclusive o budismo. Ao presenteá-Lo com incenso, estavam reconhecendo Sua divindade.

A mirra era o perfume usado para embalsamar os mortos. Cada família deveria ter em casa mirra suficiente para um eventual falecimento de um ente. Portanto, quem Lhe presenteou com a mirra, estava profetizando a Sua morte em favor da humanidade. Ali estava alguém que nascera para morrer. Entretanto, aquela mirra jamais fora usada em Jesus. Quando Maria foi ao Seu túmulo para embalsamá-lo, Ele já havia ressuscitado. Além do mais, dias antes de morrer, outra Maria, irmã de Lázaro, se antecipou a derramar um perfume caríssimo sobre Jesus, preparando-o para o sepultamento, conforme Ele mesmo testificou. A propósito, aquele perfume era destinado a Lázaro, porém não foi usado nele, para ser usado em Jesus. Por isso, Lázaro cheirava mal depois de quatro dias de sepultamento. Não era comum que isso acontecesse a um judeu. Quanto à mirra com que fora presenteado pelos magos, provavelmente tenha sido usado em algum outro familiar de Jesus. De qualquer maneira, profetizava Sua morte.

E quanto ao ouro? Para saber a necessidade de se presentear o Messias com o mais precioso metal, precisamos avançar no texto:

“E, tendo sido por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem a Herodes, regressaram por outro caminho à sua terra. Tendo eles partido, o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito. Fica-te lá até que eu te avise, pois Herodes há de procurar o menino para o matar. Levantando-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe, e foi para o Egito. Ali ficou até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta: Do Egito chamei o meu Filho. Então Herodes, vendo-se iludido pelos magos, irritou-se muito e mandou matar a todos os meninos de Belém, e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo, segundo o tempo em que diligentemente inquirira dos magos” (vv.12-16).

José era carpinteiro, e provavelmente tinha uma clientela em sua cidade. Deixá-la repentinamente para ir para um país estranho provavelmente seria dispendioso. Até que ele se firmasse profissionalmente no Egito, como ele poderia prover o sustento de sua família? Foi por isso, que Deus proveu todo aquele ouro através das mãos generosas dos magos.

Nosso Deus é um Deus de provisão e não de improvisos. Ele conhece o coração dos homens, e sabe o que nos espera lá na frente. Antes que nos aconteça qualquer coisa, Ele sempre nos envia os proventos necessários.

Talvez José jamais tenha entendido o motivo do incenso e até da mirra, uma vez que jamais precisou ser usada em Jesus. Mas ele entendeu perfeitamente a razão pela qual Deus lhes enviara todo aquele ouro.

Mas se os magos houvessem descarregado seus camelos no palácio de Herodes? E aqui devemos ponderar: onde temos descarregado nossos camelos? Em que temos investido nossos haveres? Que tal como Deus usou os magos, sejamos usados por Ele para suprir as necessidades de Sua obra, em vez de investir em projetos megalomaníacos de quem usa as Escrituras em nome de uma agenda secreta e de motivações nem sempre louváveis.

Feliz Natal!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Quanto custa ser um cristão verdadeiro?



Ninguém se engane quanto ao sentido das minhas declarações. Não estou examinando quanto custa salvar uma alma cristã. Sei muito bem que isso custa nada menos do que o sangue do próprio Filho de Deus, que proveu expiação e remiu homens da condenação ao inferno. O preço pago pela nossa redenção foi nada menos do que a morte de Jesus Cristo, no Calvário. "Porque fostes comprados por preço!' "...Cristo Jesus, homem. O qual a si mesmo se deu em resgate por todos..." (I Co. 6:20; I Tm. 2:5,6). Tudo isso, entretanto, desvia-se inteiramente da nossa questão central. O ponto que desejo considerar é inteiramente diferente. Falo sobre o que um homem deve estar pronto a abandonar, se quiser ser salvo. Está em pauta o montante de sacrifício a que um homem precisa submeter-se, se realmente tenciona servir a Cristo. É nesse sentido que levanto a indagação: "Qual é o preço?" E acredito firmemente que essa indagação é importantíssima.

Admito prontamente que custa pouco alguém manter a aparência de um cristão. Uma pessoa que apenas frequente algum lugar de adoração duas vezes a cada domingo, e mostre-se razoavelmente moral durante os dias da semana, já terá feito o que milhares de outras pessoas ao seu redor fazem com o cristianismo. Tudo isso é trabalho fácil e barato; não requer qualquer autonegação ou auto-sacrifício. Se isso é o cristianismo que salva e que nos conduzirá ao céu quando morrermos, então, convém que alteremos a descrição sobre o caminho da vida, escrevendo: "Larga é a porta e espaçoso é o caminho que conduz ao céu!"

Não obstante, custa bastante ser um crente verdadeiro, se os padrões da Bíblia tiverem de ser seguidos. Há inimigos que terão de ser vencidos, batalhas que terão de ser travadas, sacrifícios que terão de ser feitos, um Egito que precisará ser esquecido, um deserto que precisará ser atravessado, uma cruz que deverá ser carregada, uma carreira que terá de ser corrida. A conversão não se assemelha a colocar um homem em uma poltrona, levando-o assim, em conforto, para o céu. Quando alguém torna-se crente, dá início a um imenso conflito pelo qual custa muito obter a vitória. Daí origina-se a indizível importância de "calcular o preço".

Permita-me tentar mostrar precisa e particularmente quanto custa ser um crente autêntico. Suponhamos que um homem se disponha a servir a Cristo, sentindo-se atraído e inclinado a segui-Lo. Suponhamos também que alguma aflição, ou uma morte repentina, ou um sermão abalador lhe venha despertar a consciência, fazendo-o sentir o valor da sua própria alma e levando-o a desejar ser um verdadeiro crente. Sem dúvida, muito coisa haverá para encorajá-lo. Os seus pecados poderão ser gratuitamente perdoados, por muitos e grandes que eles sejam. O seu coração poderá ser totalmente modificado, sem importar quão frio e duro ele seja. Cristo e o Espírito Santo, a misericórdia e a graça, estão todos à sua disposição. Apesar de tudo, convém que ele calcule o preço.

Examinemos particularmente, uma por uma, as coisas que a sua religião cristã haverá de custar-lhe.

1. Antes de mais nada, isso lhe custará a sua justiça própria. Ele terá de desfazer-se de todo o orgulho, de todos os pensamentos altivos e de toda a presunção acerca de sua própria bondade. Terá de contentar-se em ir para o céu como um pobre pecador, salvo exclusivamente pela graça gratuita, devendo tudo aos méritos e à retidão de Outrem. Cumpre-lhe realmente sentir aquilo que diz o livro de oração de nossa igreja: ele tem "errado e se desviado como uma ovelha perdida", tendo deixado de fazer "o que lhe competia, e tendo feito o que não lhe competia fazer, não havendo nele qualquer saúde espiritual". Ele terá de dispor-se a desistir de toda a confiança em sua própria moralidade, respeitabilidade, orações, leituras da Bíblia, frequência à igreja, participação nas ordenanças, não confiando em outra coisa e em outra pessoa senão em Jesus Cristo.

Ora, para alguns isso poderá parecer difícil. E não me admiro disso. Disse um piedoso lavrador ao bem conhecido James Hervey: "Senhor, é mais difícil negar o orgulho próprio do que negar o próprio pecado. Mas isso é algo absolutamente necessário". Em nosso cálculo do custo, que esse seja o nosso primeiro item. Para que um homem seja um verdadeiro crente, ele terá de desistir de sua justiça-própria.

2. Em segundo lugar, um homem terá de desistir dos seus pecados Ele deverá estar disposto a abandonar cada hábito e prática errados ao; olhos de Deus. Terá de voltar o rosto contra tais práticas, lutando contra elas, rompendo com elas, crucificando-se para elas e esforçando-se por mantê-las sob o seu controle, sem importar o que o mundo ao seu redor possa pensar ou dizer a respeito. Ele terá de fazer isso de maneira honesta e justa. Não poderá haver tréguas com qualquer pecado especial que ele ame. Ele terá de considerar todos os pecados como seus inimigos mortais, odiando cada caminho de iniquidade. Sem importar se pequenos ou grandes, públicos ou secretos, ele terá de renunciar terminantemente a todos os seus pecados. Talvez esses pecados lutem diariamente contra ele, e as vezes quase haverão de derrotá-lo. Porém, ele nunca poderá ceder diante deles. Cumpre-lhe manter uma guerra perpétua contra os seus pecados. Está escrito: "Lançai de vós todas as vossas transgressões..." "...põe termo em teus pecados pela justiça, e às tuas iniquidades.." "...cessai de fazer o mal" (Ez. 18:31; Dn. 4:27; Is. 1:16).
Isso também parece difícil, e não me admiro. Geralmente os nossos pecados são tão queridos por nós como os nossos filhos: nós os amamos, abraçamos, apegamo-nos a eles, deleitamo-nos neles. Romper com eles é algo tão difícil quanto decepar a mão direita ou arrancar da órbita o olho direito. Mas isso tem de ser feito. O rompimento é inevitável. "Ainda que o mal lhe seja doce na boca, e ele o esconda debaixo da língua, e o saboreie, e o não deixe...", contudo, o pecado terá de ser abandonado, se ele quiser ser salvo. (Jó 20:12,13). O crente e o pecado têm de estar em luta, se o crente e Deus tiverem de ser amigos. Cristo está disposto a acolher a qualquer pecador. Mas Ele não receberá a quem não se disponha a separar-se dos seus pecados. Anotemos esse item em segundo lugar, em nosso cálculo do custo. Ser crente é algo que custará a um homem os seus pecados.

3. Em último lugar, ser crente custará a um homem a aprovação do mundo. Se um crente quiser agradar a Deus, terá de contentar-se em ser mal acolhido pelos homens. Não deverá considerar estranho se for vilipendiado, ridicularizado, caluniado, perseguido e até mesmo odiado. Não poderá ficar surpreendido se as suas opiniões e práticas religiosas forem consideradas com desprezo. Terá de aceitar que muitos o tomem por insensato, entusiasta ou fanático — de tal maneira que as suas palavras sejam pervertidas e as suas ações sejam mal interpretadas. De fato, não terá de maravilhar-se se alguém vier a chamá-lo de louco. Disse o Senhor: "Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa" (João 15:20).

Ouso dizer que essa condição também parece muito difícil. Naturalmente, somos avessos a um tratamento injusto e a falsas acusações, e julgamos ser muito difícil tolerar as acusações sem causa. Não seríamos feitos de carne e sangue, se não desejássemos contar com a boa opinião das pessoas ao nosso redor. Sempre será desagradável ser alvo de calúnias, de mentiras, e viver solitário e incompreendido. Porém, não há como evitar. O cálice que nosso Senhor bebeu também deve ser sorvido pelos Seus discípulos. Cristo "era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens" (Is. 53:3), e outro tanto acontecerá a eles. Que esse item também seja alistado. Ser um crente custará a um homem a aprovação do mundo. Esse é o cálculo do que custa a uma pessoa ser um crente verdadeiro. Admito que essa lista é pesada. Mas, qual desses diversos itens pode ser removido? Temerário seria, realmente, o homem que ousasse dizer que podemos conservar a nossa justiça-própria, a nossa preguiça e o nosso amor ao mundo, e, ainda sermos salvos!
Reconheço que custa muito ser um verdadeiro crente. Porém, quem, em seu bom juízo, poderia duvidar que vale a pena pagar qualquer preço, contanto que a sua alma seja salva? Quando um navio corre o risco de naufragar, a tripulação não pensa que é um sacrifício muito grande lançar borda fora qualquer carga, por mais preciosa que seja. Quando um membro do corpo chega a grangrenar, um homem submete-se a qualquer operação, até mesmo a amputação daquele membro, contanto que a sua vida seja salva. Não há dúvida que um crente deve estar disposto a desistir de qualquer coisa que se interponha entre ele e o céu. Uma religião que nada custa, nada vale! Um cristianismo barato, destituído de cruz, mostrará ser um cristianismo inútil, que não pode obter a coroa.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Será que o Evangelho já foi pregado para toda criatura?





De exemplos como Rob Bell até Peter O'Brien, podemos perceber que Colossenses 1:23 demonstra ser um desafio de alcançar na vida cristã. Paulo refere-se ao evangelho de seu dia como "o evangelho. . . o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu" (ESV). Os comentadores multiplicam explicações de como o evangelho já poderia ter sido proclamado "a toda criatura" no primeiro século. Porém eis o contexto para nossa avaliação: 



Aqui está a minha solução simples para esse assunto, porém você tem que saber grego para entendê-la. A frase grega para "o qual foi pregado" é (tou  kēruchthentos). Este é um particípio substantivo que poderíamos traduzir como "o proclamado". Em justaposição com "o evangelho" se traduziria como (tou euangeliou... tou kēruchthentos): "o evangelho. . . o proclamado."


O fato que o particípio "proclamado" nos parece estar no passado não significa que aproclamação do evangelho já aconteceu. Essa não é a forma que os particípios substantivos funcionam, como Daniel Wallace esclarece na Greek Grammar Beyond the Basics nota 8, 615 (Gramática Grega além do Básico). 



Portanto, a simples leitura de Colossenses 1:23 é que Paulo está definindo o evangelho como o tipo de evangelho que é ilimitado e de âmbito mundial, e portanto, é pregado, por definição, para toda a criação. Não há a declaração aqui que isso já aconteceu. Assim, eu gostaria de traduzir tal versículo como: 

Vocês que tem sido reconciliados. . . Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual [tem sido] pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro." (Colossenses 1:21-23, grifo nosso)
Portanto, a implicação para nós é: Não pense que a missão global da pregação está completa. Não está. Há um grande trabalho a ser feito, precisamente porque o evangelho que nós amamos e pregamos é ilimitado no seu aspecto de relevância pessoal, cultural e eterna para todos os povos do planeta. 

Vamos trabalhar enquanto é dia. Nossa noite está chegando, quando não poderemos mais trabalhar.

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O verbo em tais usos denota nenhum tempo verbal específico. Você pode ver como verbo é flexível pelo uso do mesmo em Colossenses 03:04: "Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória." A palavra para "manifestar" tem o mesmo formato, mas remete para um tempo indefinido no futuro. 

Vocês que tem sido reconciliados. . . Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado (tou kēruchthentos) a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro." (Colossenses 1:21-23, grifo nosso)