segunda-feira, 5 de setembro de 2011

. O homem de Deus precisa conhecer muito bem o evangelho



 
É um erro extremamente grosseiro o fato de hoje em dia vermos pessoas serem tão avessas à intelectualidade. Está "na moda" ser relativo, ser indiferente, ser voltado para si mesmo, buscar o seu próprio prazer, ganhar dinheiro à custa de outros e uma série de atos estranhos à Escritura. É lamentável vermos a deterioração dos inúmeros "ministérios" que proliferam mais que postos de gasolina, farmácias ou padarias, sem ao menos atentarem para as palavras de Jesus: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!" (Mt 23:37). Tais "ministérios" não percebem que mais pregam as "boas novas" do homem pecador do que as boas novas do Santo Salvador.

Quando falamos sobre intelectualidade e o repulso que isso causa nas pessoas - afinal, para tais, ser intelectual é ser "nerd", retrógrado, sem alegria pela vida, um indivíduo taciturno, quase que desconectado da sociedade - isso não significa que somente os crentes que souberem grego, hebraico, aramaico e geografia bíblica serão salvos, contudo, importa-nos notar que precisamos conhecer a quem temos seguido.

A Bíblia nos diz: "Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos" (Jo 10:1-5). Observemos que em momento algum Jesus nos diz que o pastor fica atrás das ovelhas dando-lhes chicotadas ou ferindo-as desnecessariamente - como que para infundir-lhes terror e medo - mas antes vai à frente, guiando-as e tão somente elas o seguem, "porque conhecem a sua voz". Jesus também não demonstra estar apreensivo com a possível chance de algumas delas se perderem, pois "conhecem a sua voz".

As ovelhas do Senhor sempre ouvem e para sempre ouvirão a sua voz, ainda que durante o tempo de sua peregrinação sofram assaltos, fome, sede, nudez, ventos contrários, raios, terremotos e qualquer outra coisa que possa lhes tentar a desviarem-se do único e reto caminho caminho. E para aqueles que saíram e não mais voltaram, a Bíblia nos alerta: "Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós" (1Jo 2:19).

O pastor puritano Richard Baxter, ao escrever sobre os sermões e como isso deveria se dar na vida da igreja, escreveu no capítulo "Orientações Sobre Como Ouvir com Proveito a Palavra Pregada, no Christian Directory: Não vinde ouvir com um coração desatento, como se viésseis ouvir uma questão que pouco vos interessa, mas vinde com um senso da indizível importância, necessidade e consequência da Santa Palavra que viestes ouvir; e quando entenderdes o quanto isso vos envolve, será de grande ajuda compreenderdes cada verdade em particular... Esforçai-vos diligentemente por aplicar a Palavra, enquanto a estiverdes ouvindo... Não deixeis tudo ao encargo do ministro, como aqueles que não irão além do que forem empurrados... Tendes um trabalho a fazer, tanto quanto o pregador, e deveríeis estar tão ocupados quanto ele... deveis abrir vossas bocas, digerindo a Palavra, pois ninguém pode digeri-la em vosso lugar... logo, trabalhai o tempo todo, abominando o coração preguiçoso no ouvir, tanto quanto um ministro preguiçoso. Ruminarei e recordai tudo ao chegardes em casa, em vossos quartos, e, mediante a meditação, pregai novamente a vós mesmo. Se a prédica for exposta friamente pelo pregador, então... pregai com maior vigor aos vossos corações..." Costumamos lamentar, hoje em dia, que os ministros não sabem pregar; mas não é igualmente verdadeira que nossas congregações não sabem ouvir? [1]

Para que uma conversão seja sólida, segundo Baxter, é indispensável o conhecimento da verdade. “Um homem pode ir para o inferno com conhecimento”, afirma ele, “mas ele certamente irá para o inferno se não o tiver”, pois como "pode amar e servir a Deus a quem não conhece?" [2]

Certamente que tais palavras nos soam um tanto ásperas, mas isso não é culpa delas mesmas, mas sim de nossos corações obscurecidos e ainda propensos para a auto satisfação. É lamentável que muitos professos da fé cristã não atentem para a exortação bíblica: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" (2Tm 2:15).

Nossas igrejas estão cheias de bodes que são tratados como ovelhas e ovelhas que são tratadas como bodes. Homens e mulheres precisam urgentemente ser colocados contra a parede do evangelho e exortados: "Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados" (Ef 4:1) e ainda: "Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (Rm 8:9).

Novamente, Baxter nos útil nessa questão: "Toda pessoa dotada de uma alma capaz de fazer questionamento, deveria conhecer o Deus que a criou e para qual finalidade deveria viver; e também deveria conhecer o caminho para a sua felicidade eterna, tanto quanto os eruditos. Vocês não têm almas a serem ganhas ou perdidas, tanto quanto os eruditos? Deus deixou clara para vocês a sua vontade em sua Palavra; Ele lhes tem dado mestres e muitos outros meios, de tal modo que vocês não terão desculpa se forem ignorantes; vocês devem saber como ser crentes, mesmo que não sejam eruditos. Vocês poderão chegar ao céu usando o inglês, embora não tenham conhecimento do hebraico ou grego, mas nas trevas da ignorância vocês jamais chegarão lá. ...Portanto, se pensam que podem justificar-se diante da sua falta de conhecimento, então poderão também pensar que podem justificar-se diante da falta de amor e de obediência, pois essas virtudes não podem existir sem o conhecimento... Se ao menos vocês estivessem dispostos a obter o conhecimento de Deus e das realidades celestes, assim como estais dispostos a conhecer as artes de seus negócios, vocês já teriam começado a muito tempo, não poupando esforços nem dores para obter esse conhecimento. Mas vocês pensam que sete anos é pouco para aprender a sua profissão e, no entanto, não querem dedicar um dia, em cada sete, para aprenderem com diligência as questões atinentes à salvação de suas almas. Se o céu é elevado demais para vocês pensarem nele e se prepararem para ele, então ele é elevado demais para vocês chegarem a possuí-lo". [3]

"Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos" (Os 6:6).




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